Mercados globais de lácteos: O que está por vir em 2025? 3h3r73

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Dairy Reporter

28/12/2024 09h54 - Atualizado há 4 meses

Mercados globais de lácteos: O que está por vir em 2025?

Foto Divulgação Freepik

Em 2025, como será a setor de laticínios globalmente? Um resumo dos últimos dados anuais publicados pelo USDA dá uma ideia do que está por vir no próximo ano. Espera-se que a demanda global por produtos lácteos permaneça robusta, com os produtores tentando melhorar a eficiência da produção e aumentar os sólidos do leite. Em mercados como a UE, Nova Zelândia e Austrália, rebanhos leiteiros em declínio representam um desafio, além das variações climáticas e sazonais.

Nova Zelândia - Na Nova Zelândia, a produção de leite deve cair em 2025, para 21,3 milhões de toneladas métricas (MMT1), abaixo da média de cinco anos (21,5 MMT). A recente mudança dos produtores, de lácteos em pó para lácteos frescos, como manteiga e queijo, resultou em uma redução nas exportações de leite em pó. A participação das exportações de WMP (leite integral em pó) – o principal produto lácteo produzido no país – caiu, em volume, de 45% em 2019 para 41% em 2024. No entanto, um aumento de quase 4% nas exportações de WMP no acumulado do ano, em relação a 2023, sugere que a maior demanda em mercados como Emirados Árabes Unidos e Bangladesh compensou a queda nas exportações para a China (-5,5%) e Argélia (-18%). Ao mesmo tempo, os produtores de laticínios aumentaram a produção de produtos caros (especialidades), como fórmulas infantis, concentrados de proteína, lactoferrina e caseinatos. Nos primeiros oito meses de 2024, as exportações desses produtos combinados estavam apresentando um crescimento de +13,8% ano a ano (YoY2).

Austrália - Na Austrália, a produção de leite deverá aumentar 1,1% em 2025, alcançando 8,8 MMT, após um crescimento de 2,7% em 2024. O consumo de leite também deve crescer, revertendo um declínio de 5 anos, embora grande parte desse leite provavelmente seja destinada à produção de queijo. As exportações de leite em pó desnatado (SMP), leite integral em pó (WMP) e manteiga devem ter crescimento moderado em 2025, após resultados sólidos em 2024. A produção de queijo – um foco importante para as indústrias de laticínios na última década – deve retornar aos níveis de 2023 (375.000 toneladas), após uma queda na produção em 2024. As exportações estão projetadas para diminuir para 150.000 toneladas, abaixo das 165.000 toneladas registradas em 2024. A produção de manteiga deve aumentar ligeiramente, com SMP e WMP devendo diminuir em 2025.

China e Índia - O aumento da produção de leite na China está gerando impactos no mercado internacional. O maior comprador global de lácteos está importando menos e – juntamente com a queda nas taxas de natalidade do país e o aumento da autossuficiência na produção de leite – essa tendência provavelmente continuará no próximo ano. As importações de leite fluido, soro de leite, manteiga, WMP e SMP estão estimadas para cair em 2024; no entanto, as importações de queijo podem permanecer estáveis devido à produção doméstica limitada. A guerra comercial esperada com os EUA pode colocar os lácteos americanos novamente na linha de fogo, caso a China adote medidas retaliatórias semelhantes às da última vez (2018). Na época, o país asiático impôs tarifas de 5% a 27,5% sobre leite e produtos lácteos importados dos EUA.

A China também está conduzindo uma investigação antissubsídios sobre produtos lácteos europeus. Essa investigação deve continuar durante a maior parte de 2025 e pode ser ainda mais prolongada. Por causa disso, a RaboResearch prevê que o impacto no mercado não deve ocorrer antes de 2026. A Índia, o maior produtor de laticínios do mundo, deve continuar aumentando sua produção em 2025, de acordo com dados do USDA. A produção total de leite provavelmente ultraará 216 milhões de toneladas, graças ao aumento do rebanho; ao maior apoio governamental para o setor; às condições climáticas favoráveis; e aos altos preços do leite. Combinados com o aumento da renda disponível e o crescimento populacional, o consumo de leite, manteiga e SMP também deve crescer. Nas regiões rurais, o consumo ainda permanece abaixo das recomendações dietéticas oficiais.

União Europeia - A produção de queijo deve continuar sendo um foco principal para os processadores de laticínios da União Europeia, à medida que a indústria decide para quais produtos direcionarão o leite disponível. A produção de leite fluido deve cair para 148,9 MMT em 2024, em comparação com 149,3 milhões de toneladas estimadas no ano anterior. Enquanto isso, a produção de queijo deve aumentar 0,6%, alcançando 10,62 MMT, mas esse aumento terá impacto na produção de manteiga, leite desidratado sem gordura (NFDM3) e leite em pó integral (WMP). Enquanto cerca de metade do NFDM produzido na UE é exportado, em 2024, o USDA estima um declínio de 7,6% em relação aos níveis de 2023 devido à menor produção e à demanda chinesa mais fraca, mas também à concorrência mais forte dos EUA e da Nova Zelândia. Em 2024, a produção de WMP deve cair 3,9% e as exportações também devem cair abaixo dos níveis de 2023, já que a produção é direcionada ao mercado doméstico. A produção de manteiga está prevista para ficar 2,1% abaixo dos níveis de 2023, devido à disponibilidade limitada de leite para manteiga e tendências de consumo pesando negativamente na demanda. As exportações de manteiga em 2024 também devem diminuir. No início deste mês, a UE concordou com um acordo de livre comércio (FTA) com o Mercosul, que pode oferecer uma nova rota para exportações de pó. Enquanto isso, os requisitos que fazem parte da nova Política Agrícola Comum (PAC) e do Acordo Verde da UE permanecerão em foco para produtores agroalimentares, particularmente porque investimentos adicionais na melhoria da sustentabilidade podem impactar negativamente os lucros.

EUA - Nos EUA, as previsões de produção de leite para 2024 e 2025 foram revisadas para cima, graças a um aumento esperado no rebanho leiteiro. De acordo com o mais recente relatório de produção de leite do Serviço Nacional de Estatísticas Agrícolas do USDA, o rebanho de vacas leiteiras de outubro era de 9,365 milhões de cabeças, 10.000 a mais do que em outubro ado. Aliás, foi o primeiro mês – desde maio de 2023 – mostrando um aumento ano a ano (YoY) no tamanho do rebanho leiteiro, embora mês a mês, o rebanho tenha aumentado desde agosto de 2024. Em 2025, a previsão é que o rebanho continue se expandindo em 30.000 cabeças, para 9,390 milhões, levando a um aumento na previsão de produção de leite de 0,3 bilhão de libras em 2025.

Com base em dados comerciais recentes, a previsão de exportação de 2024 foi aumentada para 11,7 bilhões de libras (+0,1 bilhão), em uma base de gordura do leite, devido às maiores exportações antecipadas de queijo e manteiga. Em uma base de sólidos desnatados, a previsão é reduzida em 0,1 bilhão de libras, devido a menores exportações antecipadas de produtos de leite desnatado em pó e exportações de soro de leite seco, a preços menos competitivos; embora as exportações de lactose devam aumentar. A previsão de exportação de laticínios dos EUA para 2025 está projetada em +0,1 bilhão de libras, impulsionada pelas exportações de manteiga e queijo. Mas declínios nas exportações de produtos de leite desnatado em pó de cerca de 0,4 bilhão de libras também são antecipados. Enquanto isso, espera-se que os EUA importem mais queijo, manteiga e WMP, com aumentos de 0,1 bilhão de libras, tanto na base de gordura do leite quanto de sólidos desnatados. As previsões de preços ajustadas para 2025 incluem: queijo cheddar US$ 1,80 (-9,5 centavos), NDM US$ 1,30 (+4,0 centavos), soro de leite seco US$ 0,595 (+7,5 centavos) e manteiga US$ 2,685 (-7,0 centavos).

Esses movimentos levaram a previsão de ajustes nas classes de preço do leite4 em 2025:
Classe III - redução para US$ 18,80 por cwt;
Classe IV - aumento para US$ 20,40 por cwt;

No geral, a previsão do preço ao produtor nos EUA em 2025 foi reduzida para US$ 22,55 por cwt. Enquanto isso, a previsão do preço de todo o leite de 2024 foi reduzida para US$ 22,65 por cwt devido à redução do preço do leite Classe III de 2024 e às previsões inalteradas do preço do leite Classe IV.
Produção global de queijo - A demanda global por queijo continua a crescer 2% ao ano, de acordo com estimativas do USDA, com a UE (43%) e os EUA (29%) sendo os maiores consumidores, mas também produtores, conforme mostrado na tabela abaixo.

*Notas:
1) A sigla MMT significa Milhões de Toneladas Métricas (“Million Metric Tons”). É uma unidade de medida usada para quantificar grandes volumes de produtos, incluindo lácteos, no comércio internacional. 1 MMT equivale a 1 bilhão de quilogramas (1.000.000.000 kg).
2) A sigla YoY significa Ano sobre Ano (Year over Year). É uma métrica usada para comparar o desempenho de um indicador econômico ou financeiro em um período de um ano com o mesmo período do ano anterior. As exportações de lácteos de um país em dezembro de 2024 com as exportações em dezembro de 2023.
3) O leite desidratado sem gordura (NFDM) e o leite em pó desnatado (SMP) são muito semelhantes, mas são definidos por dois conjuntos diferentes de regulamentações e autoridades. O NFDM é definido pelo departamento de istração de Alimentos e Substâncias Químicas dos EUA (Food and Drug istration), enquanto o SMP é definido pelo CODEX Alimentarius. Os dois são obtidos ao remover a água do leite desnatado pasteurizado. Ambos contêm 5% ou menos de umidade (por peso) e 1,5% ou menos de gordura do leite (por peso). A diferença é que o leite em pó desnatado tem uma quantidade de proteína do leite de 34%, enquanto o leite desidratado sem gordura não tem um nível de proteína padrão.
4) De forma resumida, nos EUA, as "classes de leite” nas "Ordens Federais" estão descitas a seguir. Para maiores detalhes leia este artigo.
Classe I (leite fluido): Leite fluido para beber;
Classe II (produtos soft): Sorvete, iogurte, queijo cottage, coalhada;
Classe III (queijo e soro): Maioria dos tipos de queijo e soro de leite (whey);
Classe IV (manteiga e produtos secos): Manteiga e leite em pó.

Fonte: Dairy Reporter
Traduzido e adaptado pelo Canal do Leite

FONTE: Traduzido e adaptado pelo Canal do Leite